quarta-feira, 27 de abril de 2011

Índios versão 20 ponto 11

27/04/2011

Barbara Maisonnave Arisi - O Estado de S.Paulo
Acabo de retornar de estadia de campo na Amazônia e fico feliz ao constatar que os índios estão cada vez mais dominando novas tecnologias e com uma mentalidade 20.11, preparando-se para participar das grandes questões globais da segunda década do século 21. Exemplos: meu aparelho celular não funcionava, pois na cidade de Atalaia do Norte só há uma operadora. Quem me salvou ao me emprestar seu aparelho novinho foi um garoto matis ? considerado pela "regra de parentesco incorporador de antropólogos" meu irmão indígena. Fui surpreendida pelo lindo ringtone com um canto de pássaro amazônico que ouvia ao despertar quando morei na aldeia. "Uau, Makwanantê, que lindo. Como gravou o canto desse pássaro?" "Baixei via Bluetooth de graça no cybercafé da cidade." Ok, eu também esqueço às vezes que trabalho com índios amazônicos versão 20.11, os magníficos matis, um povo de língua pano que vive na Terra Indígena Vale do Javari, segunda maior do País, com 8,5 milhões de hectares.
No dia seguinte pedi a outro jovem matis um carregador de bateria para minha câmera digital e ele trouxe um carregador universal made in China comprado na Colômbia (fronteira próxima). Serve para qualquer tipo de bateria e dribla a imposição de empresas como Sony ou Motorola com modelos que nos obrigam a comprar mil traquitanas. Os índios 20.11 sabem escolher o que lhes dá autonomia mesmo entre as quinquilharias chinesas e surpreendem aqueles que, no Brasil "metropolitano" (para usar um termo cunhado por Manuela Carneiro da Cunha), acham que os indígenas amazônicos vivem na Idade da Pedra ou num paraíso (ou inferno) pré-industrial. Os ameríndios com quem tenho o prazer de conviver podem estar esquecidos nas políticas governamentais, mas se movimentam no universo de questões globais como mercado de crédito de carbono e uso de tecnologia para melhorar a vida em suas comunidades. Alguns estão na universidade e serão em breve professores universitários. Afinal, índios não ficam em cristaleira de museu ou apenas decoram pôster festivo da brasilidade para fazer jus ao logo federal "Brasil, país de todos". Os índios seguem sendo bem índios mesmo portando seus celulares, editando filmes, torcendo pelo Flamengo. E continuam necessitando demarcar terras, especialmente em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Para isso mesmo, precisam e gostam de tecnologia, para estarem plugados no mundo, como você e eu.
Em Manaus, conheci a vice-coordenadora da Coiab (Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), Sônia Guajajara. Ela ficou famosa na COP-16 (última conferência da ONU sobre mudanças climáticas), em Cancún, México, ao entregar o troféu "motosserra de ouro" à senadora Kátia Abreu ? prêmio dado aos que aumentam o desmatamento na Amazônia. Como Sônia, há outros índios que aprenderam o glossário da "economia mundial ambiental", sabem o que é Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Ou seja, estão afinados com a economia ambiental e combatem ideias australopitecas dos defensores da reforma do Código Florestal.
Graças aos índios brasileiros é que a floresta ainda está em pé, conforme demonstram imagens do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Vizinhos dos matis, os índios maiorunas vivem em ambos os lados da fronteira do Peru e do Brasil e, nos últimos anos, vêm migrando para nosso País por causa da atuação de empresas multinacionais que concessionaram áreas em seus territórios com o aval do governo do Peru. Os mesmos maiorunas, em 2003 e 2004, chamaram a atenção das autoridades para o contrabando de madeira realizado por peruanos. Os Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia, sempre citados como destruidores do meio ambiente, só apresentam indicadores positivos devido às terras indígenas. Os índios também denunciam as rotas do narcotráfico em seus territórios.
Além desses serviços ao País, os índios também investem em economia criativa. Querem que sua juventude aprenda a utilizar telefones celulares, laptops e câmeras de vídeo para que eles próprios tenham domínio sobre a produção (e também o consumo, em alguns casos) da indústria da criatividade, que os jovens indígenas façam seus próprios filmes, vendam CDs de suas músicas, tenham eles próprios controle sobre seus bens imateriais que por tantos anos foram produzidos e vendidos por estrangeiros ou outros brasileiros. Os índios têm todo o direito de se tornarem big players na indústria do entretenimento. Como demonstram sucessos como o filme Cheiro de Pequi, da Associação Indígena Kuikuro e do Vídeo nas Aldeias, que ganhou o prêmio de melhor curta-metragem em Montreal, no Canadá. Chegará logo o dia em que teremos cineastas indígenas concorrendo em Cannes.
É bom lembrar, porém, que nem tudo na realidade indígena são cantos de pássaros e tecnologia. No Javari, cerca de 80% da população indígena está contaminada por hepatites virais que provocaram a morte de 300 pessoas nos últimos dez anos. Há alguma esperança com a nova Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) de que haja atendimento permanente para as 55 comunidades. A Funai, em processo de reestruturação, havia decidido desmontar a administração regional na cidade de Atalaia do Norte, deixando os cerca de 3.800 índios que moram na Terra Indígena sem uma base administrativa próxima. Parece que quem vive em Brasília olha o mapa do Javari apenas pendurado na parede e, por isso, pensa que os rios do Javari correm do norte para o sul! Porém os rios do Javari correm todos na direção norte e oeste para formar o Solimões e, a partir de Manaus, o Amazonas. Certamente, os índios terão muitos direitos a exigir nos protestos do Abril Indígena, programados para ocorrer em maio em Brasília.
As grandes questões globais estão na Amazônia e os índios, melhor do que a maioria dos brasileiros, já estão se preparando para lidar com esse mundo 20.11 ? de preocupações com energias limpas (pós-Fukushima), onde os países ricos pagam aos "emergentes" para que mantenham suas florestas em pé, onde as tecnologias made in China tomam o lugar das que fazem carregadores não universais, onde quem tem força de sobrevivência é quem vai vencer e deixar para trás os acomodados. Os índios brasileiros já mostraram que vieram para sobreviver. Desde 1500 têm conseguido se manter vivos, o que em si, já é um feito e tanto. Agora, parece que vão nos ensinar o que fazer para sermos um país rico em biodiversidade, em captura de carbono e em economia criativa. Tenho tentado acompanhá-los e aprender com eles.
BARBARA MAISONNAVE ARISI É DOUTORANDA DO PROGRAMA DE ANTROPOLOGIA SOCIAL UFSC. ESTAGIOU NO INSTITUTE OF SOCIAL AND CULTURAL ANTHROPOLOGY DA UNIVERSIDADE DE OXFORD
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,indios-versao-20-ponto-11,710087,0.htm

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um Beijo a Bolsonaro

26/04/2011


Uma iniciativa dos alunos de Artes Cênicas da UDESC em conjunto com os da UFSC sob a orientação do professor de Performance Rodrigo Garcez.

A performance "Um Beijo a Bolsonaro", pretende ser um tipo de performance em massa, conhecido como Flash Mob. A idéia é que gays, lésbicas, casais de negros com brancos e pessoas que apóiem a causa e sejam contra o preconceito se beijem, a uma determinada hora, em frente a Catedral de Florianópolis. Um ato pacífico. Uma performance artística, delicada, mas que pretende ser uma manifestação política.

A performance acontecerá no dia 13 de Maio, dia da Abolição da Escravatura, as 18hs em frente a Catedral de Florianópolis, na Praça XV. Pela característica do Flash Mobil, após o beijo (será dado o tempo de 2 minutos) as pessoas deverão afastar-se rapidamente e seguirem como se nada tivesse acontecido. 

Para quem não ouviu falar do Deputado Jai Bolsonaro nós explicamos: ele vem criando polêmica no Brasil defendendo a homofobia, o racismo e a violência. Deu depoimentos como: "O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele" e quando perguntado por Preta Gil, o que faria se seu filho fosse casado com uma negra: "Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja né? Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu."


No dia seguinte, ele afirmou que a resposta a Preta Gil havia sido um "mal entendido". Justificou-se alegando que pensou que a pergunta fosse sobre o relacionamento de seu filho com um homossexual. A cantora disse que entrará com uma representação no Ministério Público contra Bolsonaro por homofobia e preconceito racial.

Sobre os povos indígenas: [são] "fedorentos e não educados". A crítica, principalmente voltada à política de demarcação de terras indígenas, culminou com Bolsonaro afirmando que pessoas como os índios, supostamente não "educados" e "não falantes de nossa língua", não deveriam ter direito a uma tão grande porção de terra.
 
Também contra as cotas raciais e a Lei Maria da Penha, Bolsonaro defende que os anos da ditadura foram os melhores anos para o Brasil, afirmando sentir saudades de Médici, Geisel Figueredo.
 
Petições pela cassação de Bolsonaro e de repúdio às falas do parlamentar foram realizadas na internet. Uma petição da Avaaz contava com cerca 81 mil assinaturas em 9 de abril de 2011.
 
No texto divulgado pela Avaaz: “somente no ano passado 250 pessoas foram assassinadas por serem trans ou homossexuais. Mesmo assim não há lei que proteja pessoas GLBT da discriminação. Ainda se pode demitir alguém somente pela pessoa ser gay e a violência homofóbica não é punida como crime de preconceito.”
 
Manisfestações em São Paulo de grupos neonazistas apoiando Bolsonaro acabaram com 6 presos por agredirem homosexuais.
 
 
Convidamos a todos que queiram participar na organização a entrar em contato pelo email
 
Fonte: http://marcosdadazen.blogspot.com/
 






   

Jornalista acreana envia carta aberta a presidente Dilma Rousseff


No momento, o povo do Acre está formando movimento popular histórico pela redução dos impostos e pela melhor qualidade na energia.

26/04/2011
 
A jornalista, radialista e publicitária Eliane Sinhasique enviou carta aberta à presidente da República, Dilma Rousseff (PT), denunciando vários abusos cometidos contra a população acreana no que diz respeito ao preço de alimentos e dos combustíveis e às taxas de energia elétrica.

Eliane menciona a situação econômica lamentável em que se encontra maior parte da população e opina sobre vários assuntos em destaque no cenário acreano e nacional.



Carta aberta à Presidente Dilma

Rio Branco, Acre 20 de abril de2011
         Querida Presidente,

          Te chamo de querida porque te quero muito bem e me orgulho de ter uma mulher como presidente do meu País (não gosto de chamá-la de “presidenta” porque acho a sonoridade sofrível).

          Mas não é para falar da sonoridade de uma palavra que estou te escrevendo. Escrevo, aqui do meu Acre, para lhe contar algumas coisas e dar notícias desse pedacinho do Brasil (ou pedação porque em tamanho territorial somos maior do que o estado de Alagoas, o Ceará, a Paraíba...) e dizer o que nós, aqui no extremo norte, sofremos.

          Presidente, hoje no nosso estado a Gasolina está custando de R$ 3,13 à R$ 3,30 o litro! No nosso entendimento esse preço é um abuso com os consumidores. Nós sofremos dois aumentos de combustível nas duas últimas semanas!

          Nosso estado é pobre e ainda está tentando se desenvolver. Com esse preço no combustível tudo aqui também fica mais caro.

          Quando escuto falar nos dados oficiais da inflação do Brasil me dá vontade rir. Aqui no Acre a inflação é galopante, tudo sobe da noite para o dia.

          O pão que custava R$ 3,50 o quilo há 5 anos, hoje custa R$ 6,00 o que equivale a um aumento de mais de 70%! O pãozinho aumentou 14% ao ano. Isso é só um exemplo. Os comerciantes alegam que o custo do transporte do trigo é muito elevado e por isso o preço é esse mesmo e pronto!

          Minha presidente, não conseguimos entender como o Brasil que é auto-suficiente em petróleo penalize os próprios brasileiros com um combustível tão caro. Aqui no país vizinho, na Bolívia, podemos comprar o nosso combustível da Petrobrás por R$ 1,15 litro! Se exportamos é porque está sobrando combustível.

          Tem alguma coisa errada!

A Petrobrás exporta petróleo por uma ninharia e nós, donos do petróleo pagamos muito caro por ele. Como pode uma coisa dessas???

           Vejo ministros falando em controle da inflação o tempo todo mas, na prática,  essa inflação está corroendo o salário do trabalhador como o ácido corrói o ferro.

           O transporte público coletivo também é outro ponto que massacra os trabalhadores e onera o custo operacional das empresas com o vale transporte. Hoje um acreano paga R$ 2,40 na passagem de ônibus e o maior percurso que temos na nossa capital, Rio Branco, é de 19KM!

          Os acreanos sofrem minha presidente!

          A energia elétrica que antes era gerada com óleo diesel continua pela hora da morte. Mesmo com um linhão interligado ao sistema nacional, que gera energia por hidrelétrica, o que teoricamente baratearia seu custo, estamos pagando ainda mais caro!O ICMS da nossa conta de luz é calculado “por dentro” e os acreanos que consomem mais de 140 Kwatt pagam mais de 33,33% só de ICMS, pago para o estado, além do Pis e da COFINS ao Governo Federal. Presidente, nossa conta de luz tem mais de 42% só de impostos e o nosso kwatt chega a 0,529920 como se fôssemos um estado rico.

          Eu te pergunto minha presidente, como um estado como o Acre, tão distante dos centros produtivos e com uma energia tão cara poderá se desenvolver?

          Temos pouco mais de 730 mil habitantes e desses, poucos ganham mais de R$ 22 mil por ano. A previsão da Receita Federal no Acre é de recolher em torno de 60 mil declarações do Imposto de Renda. Como dá para ver são poucos os “afortunados” que existem por aqui.

          Além, Presidente, de pagarmos caro pela energia, essa energia acredito ser a pior do Brasil. Sofremos muitos apagões e interrupções constantes de energia além dos picos de luz que queimam máquinas e equipamentos. Os prejuízos são enormes.

          É impossível se pensar em industrialização, de qualquer coisa aqui no Acre, com essa energia de péssima qualidade. Até a criação de frangos para abate sofre com as constantes quedas de energia.

          No momento, o povo do Acre está fazendo um movimento popular histórico pela redução dos impostos e pela melhor qualidade na energia. O Movimento Popular Menos Impostos, Mais energia vai pedir ao Governo do Estado que reduza o ICMS numa tentativa de baratear os custos energéticos do povo acreano. Um trabalhador, uma trabalhadora que ganha um salário mínimo está gastando cerca de 30% do seu salário com a conta de luz. É muito minha presidente!

          Sei que a senhora tem um país inteiro para cuidar, sei que a missão é difícil, sei que existem coisas na administração de um país incompreensíveis para os reles mortais como eu, mas peço em nome do povo do Acre e do Brasil que a senhora sente com o pessoal da Petrobrás e reavalie os custos do combustível para o povo brasileiro. Quem sabe, na minha visão simplista da situação, com o barateamento do combustível para o brasileiro será possível conter a inflação?

          Sabemos que a inflação é a grande vilã no desenvolvimento de um país e por isso mesmo todos os esforços devem ser feitos para evitá-la.

          Um forte abraço!

          Eliane Sinhasique

          Jornalista, radialista, publicitária e cidadã acreana.

Fonte: http://www.contilnet.com.br/Conteudo.aspx?ConteudoID=11680

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Jogadora do Vôlei Futuro denuncia pressão da Globo


Emissora estaria exigindo que partidas semifinais sejam reagendadas o mais rapidamente possível
A jogadora Joycinha, oposto do Vôlei Futuro e da Seleção Brasileira, organizou uma Twitcam na tarde desta quinta-feira para afirmar que a Rede Globo e a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) estão pressionando para que as semifinais da Superliga feminina sejam reagendadas o mais rapidamente possível.
O primeiro jogo da série, contra o Sollys Osasco, marcado para a última terça-feira, não foi disputado por conta do acidente que feriu diversas atletas do time e deixou a líbero americana Stacy Sykora em estado grave, na UTI do Hospital Sírio Libanês.
“Nesse momento, não tem de pensar na televisão. A televisão está pressionando, mas tem de lembrar que somos seres humanos”, disse a jogadora, que pediu tempo para que o time consiga se recuperar do trauma.
“Estamos abaladas psicologicamente e, fisicamente, também não estamos legal. Estamos bem, mas para jogar vôlei, cair na quadra e saltar, não. Não vamos conseguir fazer o que podemos. É preciso ter o mínimo de bom senso”, desabafou.
Nesta sexta-feira, algumas jogadoras do Vôlei Futuro voltam aos treinamentos. Serão realizados trabalhos físicos e táticos na quadra da equipe, em Araçatuba, interior de São Paulo.
Fonte: http://www.jb.com.br/esportes/noticias/2011/04/15/jogadora-do-volei-futuro-denuncia-pressao-da-globo/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pajerama

Acre será primeiro estado a se beneficiar do Cartão da Defesa Civil Nacional


13/04/2011  - Atualizado em 14/04/2011

O Acre será o primeiro estado do país a se beneficiar do Cartão da Defesa Civil Nacional, que o governo da presidente Dilma Rousseff lançou na terça-feira desta semana para que estados e municípios atingidos por catástrofes naturais disponham de recursos com rapidez para socorrer as suas populações.

Foi o que anunciou o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, durante audiência que concedeu ontem ao governador Tião Viana, que esteve em Brasília em busca de apoio do governo federal para ajudar a população acreana que vem sendo atingida pelas cheias dos rios acreanos.

O governador Tião Viana convidou e o ministro Fernando Bezerra se dispôs a ir com ele a Rio Branco, na manhã desta sexta-feira (15/04), para ver de perto a situação da enchente do rio Acre e para anunciar as medidas de apoio do governo federal em favor dos desabrigados, entre elas o lançamento na capital acreana, pela primeira vez no país, do cartão da Defesa Civil Nacional.

O ministro aprovou o pedido feito pelo governador para que o governo da presidente Dilma também garanta recursos que possam ajudar os desabrigados a construir novas residências em áreas fora do risco de alagação.

“O ministro Fernando Bezerra foi de uma sensibilidade total. Falando em nome da presidente Dilma, disse que vai ajudar o Acre nas necessidades que este momento requer”, disse o governador.

Tião Viana ficou muito satisfeito ao saber do ministro que o Acre será o primeiro estado do país a se beneficiar do Cartão da Defesa Civil, que é uma espécie de cartão corporativo através do qual o governo federal vai repassar, de imediato e sem burocracia, recursos para os estados e os municípios ajudarem as vítimas das catástrofes naturais, que no caso do Acre se constituem hoje nas cheias dos rios acreanos.

“O ministro assumiu o compromisso comigo, com a deputada Perpétua Almeida e com bancada federal de irmos juntos para o Acre nesta sexta-feira pela manhã para lançar o Cartão da Defesa Civil, que é mais uma forma de solidariedade às vítimas das tragédias naturais”, disse o governador, ao lado da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que também participou da audiência.

Além disso, segundo afirmou Tião Viana, o ministro da Integração mostrou-se solidário ao pedido do governo do estado e da prefeitura de Rio Branco “de readequação do ambiente de vida e de moradia das famílias mais vulneráveis nessa hora de enchente tão doída que vivemos agora no Acre”.

Após ouvir de Fernando Bezerra os compromissos de ajuda de seu ministério para as vítimas das enchentes no Acre, o governador ligou de seu telefone para o prefeito Raimundo Angelim e passou para o próprio ministro da Integração comunicar as ajudas do governo federal diretamente ao prefeito, que transferiu a sede da prefeitura para o Parque de Exposições, onde estão alojadas as centenas de famílias que tiveram suas casas atingidas pela cheia.

Tudo que pode ser feito nesta hora está sendo feito, numa hora de surpresa dolorosa das famílias. Mas estamos todos juntos e as soluções vêm também com o apoio da presidente Dilma através do ministro Fernando Bezerra”, disse o governador.

Fonte: http://www.contilnet.com.br/Conteudo.aspx?ConteudoID=11499

Sociedade acreana se une para apoiar as famílias desabrigadas pela cheia do rio Acre

13/04/2011  - Atualizado em 14/04/2011

 Por: Ângela Rodrigues, da Agência ContilNet



Segundo dados divulgados pela Coordenação Estadual da Defesa Civil, na manhã desta quarta-feira (13) foi registrado um aumento de 27 centímetros no nível do rio Acre, o que elevou a marca para 15,71 metros.

A informação da Defesa Civil é de que mais de 1.500 pessoas já estão alojadas no parque de exposições Castelo Branco.

As autoridades municipais e estaduais admitem que a situação é preocupante, porém ressaltam que estão mobilizando toda a estrutura necessária para oferecer as condições mínimas as famílias desabrigadas.

Diante das constantes chuvas no principal afluente do rio Acre, o Riozinho do Rôla, o governo do estado e a prefeitura de Rio Branco determinaram que todos os órgãos púbicos se envolvam  no  auxílio às vítimas.

Solidariedade no auxílio às vítimas
Setores da sociedade civil organizam um ato de solidariedade para arrecadação de alimentos e produtos de higiene pessoal aos desabrigados.

A primeira dama do estado Marlúcia Cândida, embora ausente da capital,  articula por telefone o Acre Solidário em parceria com empresários, líderes religiosos, as universidades privadas Uninorte e FAAO e o Rotary Club.

Inicialmente a médica Nazareth Araujo estará comandando a ação em prol dos desabrigados que terá inicio nesta quinta-feira (14) em pontos estratégicos da capital.

Na manhã desta quarta-feira (13), o presidente da Mesa Diretora, deputado Élson Santiago (PP), anunciou na tribuna da Assembléia Legislativa do Acre (Aleac) que disponibilizará no hall de entrada um ponto de arrecadação de alimentos que será destinado aos desabrigados.

“O Poder Legislativo existe para representar o povo. Nada mais justo que estarmos ao lado deles quando mais necessitam”, afirmou Santiago.
                                                                    
Santiago anunciou ainda, que os demais parlamentares estarão organizando cotas para a compra de mantimentos e ainda, colocará os servidores e carros à disposição das pessoas que precisem transportar seus pertences.



No interior, o número de atingidos não foi divulgado
No interior do estado existem numerosos pontos de alagação, mas até o momento, as autoridades não divulgaram um número exato de atingidos pela cheia.

A situação no interior está preocupante, e segundo informações extra-oficiais muitas famílias estão sendo removidas para abrigos temporários. Os municípios mais atingidos são Brasiléia, Assis Brasil, Epitaciolândia Tarauacá, Sena Madureira, Xapurí e Cruzeiro do Sul.

Fonte: http://www.contilnet.com.br/Conteudo.aspx?ConteudoID=11499


Nosso mar de agrotóxicos – e seus efeitos


Baseada em latifúndio e monocultivos, agricultura brasileira já consume 1 bilhão de litros de venenos, que contaminam água, solo e seres humanos.

Por Danilo Augusto, na Radioagência NP



Na última safra, as lavouras brasileiras bateram o recorde de uso de agrotóxicos. De acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindage), mais de um bilhão de litros de veneno foram usados na agricultura. Se confirmado o volume de vendas estimado em 2010 pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), esse recorde pode ser superado. A entidade estima um crescimento de até 8%, em relação ao período anterior.
O uso excessivo destas substâncias químicas está relacionado com o modelo agrícola brasileiro, que se sustenta no latifúndio, na monocultura, na produção altamente mecanizada para a produção em larga escala. Para sustentar essa lógica, empresas e produtores precisam usar sem qualquer controle os agrotóxicos.
Mas para onde vai este veneno? Grande parte dele vai parar nos alimentos à venda nos supermercados, nas feiras. Ou seja, vai parar na mesa da população e, depois, no estômago.
Um estudo realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) detectou no pimentão mais comum, vendido nos supermercados, substâncias tóxicas no patamar de 64% além da quantidade permitida. Na cenoura e na alface, foram encontrados 30% e 19% de agrotóxicos acima do recomendável pelo órgão do governo. Vale lembrar que a quantidade limite de agrotóxicos e produtos proibidos são diferentes para cada cultura, mas é certo afirmar que estamos comento produtos envenenados.
Além da contaminação dos alimentos, os agrotóxicos estão se dispersando no meio ambiente, seja na terra, água e até mesmo o ar. Muitos desses agrotóxicos comercializados no Brasil, inclusive, formam banidos da União Europeia (UE).
Uma operação da Anvisa, que durou aproximadamente dez meses e visitou sete fábricas de agrotóxicos instaladas no Brasil, concluiu que seis delas desrespeitavam as regras sanitárias e tiveram as linhas de produções fechadas temporariamente. Entre as irregularidades encontradas, estão o uso de matéria-prima vencida e adulteração da fórmula.
Para a gerente de normatização da Anvisa, Letícia Silva, as irregularidades encontradas se tornam mais preocupantes, pois esses agentes químicos são comercializados e estão se espalhando pelo meio ambiente.
“É bastante assustador. Principalmente quando pensamos que a água que bebemos está contaminada. Há estudos que mostram que há resíduos de agrotóxico na água da chuva e no ar. Um estudo feito pela Universidade Federal do Mato Grosso constatou que há resíduos de agrotóxicos no ar respirado em escolas da zona rural e até mesmo urbana, de municípios que plantam soja. Está em xeque nossa possibilidade de decidir. Começa aparecer indícios que toda uma cadeia alimentar está contaminada, desde a água, o solo, até o ar.
Letícia Silva se refere ao estudo da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Foram medidos os efeitos do uso de agrotóxicos em moradores de dois municípios produtores de grãos: Campo Verde e Lucas do Rio Verde.
Foi constatado que os agrotóxicos estão até mesmo no sangue e na urina das pessoas. O levantamento monitorou a água dos poços artesianos e identificou a existência de resíduos de agrotóxicos em 32% das amostras analisadas.
Em 40% dos testes com a água da chuva, também foi identificada a presença de venenos agrícolas. Nos testes com o ar, 11% das amostras continham substâncias tóxicas, como o endossulfam, proibido pelo potencial cancerígeno.
O médico e professor da UFMT, Wanderlei Pignatti, relata a situação.
“Não existe uso seguro de agrotóxicos. Uso de agrotóxico deve ser considerado como uma poluição intencional, por quê? As pragas das lavouras que são as ervas daninhas, fungos e insetos, estão crescendo no meio da plantação. Se eles estão crescendo, o fazendeiro poluiu aquele ambiente de maneira intencional para tentar atingir as pragas. Com esta prática, ele polui o ambiente de trabalho, todo o meio ambiente e inclusive polui o alimento que está produzindo. Por isso o fazendeiro sabe que todo agrotóxico que ele compra é nocivo.”
Contaminação parecida foi constada no município de Limoeiro do Norte (CE). Agrotóxicos pulverizados por avião sobre as monoculturas estão contaminando a água da região. De acordo com resultados parciais de pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), pelo menos sete tipos de venenos já foram encontrados nas amostras de caixas d’águas que abastecem diretamente as torneiras da população. O morador do município e integrante da Cáritas Diocesana, Diego Gradelha, afirma que o agrotóxico já está contaminando até mesmo um aquífero.
“Já sabemos que há pelo menos setes princípios ativos de agrotóxico na água que bebemos. O Aquífero Jandaíra, com águas a 100 metros de profundidade, já está contaminado. O agrotóxico contamina o homem e a água. Mas existe uma cegueira na administração pública em não fiscalizar e nem cobrar das empresas provas que eles não contaminam.”
De acordo com o integrante dos Movimentos do Atingidos por Barragens (MAB) do estado de Pernambuco, Celso Rodrigues dos Santos, a lógica de produção das grandes empresas para a monocultura acabou sendo adotada pelos pequenos agricultores, que usam excessivamente agrotóxicos para matar qualquer praga que aparece nas plantações.
“Temos uma preocupação muito grande com esta questão dos inseticidas. Quando aparece uma praga o pessoal nem respeita o tempo certo da colheita, e para cultivar o produto “limpo”, sem praga, já sai jogando muito agrotóxico.”
O solo está constituído por uma mistura variável de minerais, matéria orgânica e água, capaz de sustentar a vida das plantas na superfície da terra. A professora da Universidade Federal do Ceará, Raquel Rigotto, explica que não é possível separar os agrotóxicos da destruição do ambiente.
“As empresas chegam e já promovem o desmatamento, reduzindo a biodiversidade que é fundamental para manter o equilíbrio do ecossistema, fato que protege as lavouras contras as pragas. Em seguida entram com a monocultura que nada mais é que a afirmação do oposto da biodiversidade. Depois aplicam uma série de pratica de fertilização. E critérios de produtividade por hectare são impostos à terra para estressar as plantas e produzir rapidamente o fruto. Este modo de produzir é indutor da necessidade do uso de agrotóxico. Com isto a terra está respondendo de forma muito dolorosa. No Ceará, há três fazendas que interromperam a produção porque a terra não produz mais.”
A preservação do meio ambiente, como da água, do solo, do ar e das chuvas, deixa para todos os brasileiros a tarefa de discutir quem são os grandes beneficiados e prejudicados pelo uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras de nosso país.
Reportagem de Danilo Augusto, da série especial “Os perigos dos agrotóxicos no Brasil”, produzido pela Radioagência NP
http://ponto.outraspalavras.net/2011/04/12/nosso-mar-de-agrotoxicos-%E2%80%93-seus-efeitos/. Enviada por José Carlos.
Fonte: http://racismoambiental.net.br/2011/04/nosso-mar-de-agrotoxicos-%E2%80%93-e-seus-efeitos/#more-17033